Meu nome é Ingrid, indígena Anawara, tenho 15 anos, moro na aldeia Alegria Nova, município de Prado-Bahia, onde nasci. Sou casada com o professor de cultura há dois anos (28 anos) , Rodrigo “Mandy” da minha própria aldeia. Sou filha caçula do cacique Tatuaçu e de Creuza “Cerena”, e tenho 3 irmãos- Priscila, Edmilson e Mickaele.
Vou contar um pouco da minha história na luta Pataxó de 6 aos 15 anos de idade.
Morei na Aldeia Craveiro, com meus pais e parentes por dois anos. O cacique era “Paulo Borracha”. Como nesta aldeia não tinha escola, estudávamos em outra aldeia – Águas Belas – na escola Bom Jesus. Sofríamos muito pois a distância da nossa aldeia para a escola era muito longe. Acordávamos muito cedo para ir a escola. Era tão cedo que os capins estavam molhados. Ficávamos o dia inteiro na escola. Voltávamos a tarde para nossa comunidade. Era a mesma dificuldade durante os dois anos, até que meu pai, avó e tios viram que não dava mais para morarmos nesta comunidade, devido problemas entre o meu pai e o cacique.
Fomos embora dessa aldeia e meu pai, avô e tios resolveram criar nossa própria aldeia, que foi a aldeia Alegria Nova, no ano de 2003. Nesta aldeia não tinha escola, só posto de saúde. Não tínhamos meio de transporte. Entramos na comunidade com seis famílias. Nós nos mantínhamos da caça, pesca. E meus avós, que eram aposentados, ajudavam também nos alimentos. Vivíamos uma vida legal por causa da natureza – rios, matas, caças - e outra vida difícil por causa do transporte.
A aldeia ficava muito distante do ponto de ônibus. Era o dia inteiro para chegar ao local, e era muito perigoso. Devido toda essa dificuldade meu avô resolveu abrir um lugar que ficava perto da estrada onde passava carros. Mudamos para este lugar no ano de 2005 e transferimos o nome de Alegria Nova, que hoje é a nossa aldeia, ficando a outra aldeia como Alegria Velha. Nós construímos com toda dificuldade mas valeu a pena a gente lutar para hoje estar no que estamos, com energia solar, internet, televisão na escola, transporte na comunidade, escola, vinte famílias, e quero que aconteça muitas coisas boas ainda.
Estou feliz pelas lutas que valerem a pena. Hoje estudo no EJA de 7ª e 8ª série na escola Algeziro Moura, Cumuruxtiba. Existe o transporte da nossa aldeia que transporta os alunos da comunidade para a escola. Levo essa vida porque um dia ainda realizarei os meus sonhos.
Que postagem lindaaa!!!
ResponderExcluirQuem diria que uma menina tão nova teria uma historia cm a sua?
Já teria vivido tanto!
Parabéns por sua história........por td que viveu,continue aprendendo cm sua vidaaa!
Nunca desista!
afadsfa
ResponderExcluirParabéns Ingrid pelo seu relato pessoal, gostei muito. Você é uma pessoa muito dedicada, inteligente, e com muita simplicidade e humildade.
ResponderExcluir;Prof. Marcelo \o/